Gala dos 50 anos marcada por sonhos, inclusão e uma nova marca gráfica
A Gala do 50ºo aniversário da Associação Portuguesa para Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDM) de Coimbra tomou conta do Teatro Académico de Gil Vicente (TAGV) na noite de 16 de maio. A luta pela individualização e inclusão social da pessoa deficiente intelectual foi celebrada numa Gala que levou o público por uma viagem mágica sobre a amizade e a aceitação da diferença.
No momento em que as luzes se apagaram, subiu ao palco a presidente da instituição, Helena Albuquerque, que movida pela expressão “casa que não tem memória, não tem coração”, recordou a história da Associação que representa, retomando a 1969, ano em que não só foi criada a delegação de Coimbra como se deu a primeira viagem da Humanidade à Lua. “Não é fácil ter um filho com deficiência intelectual”, confessou ainda através de um relato inspirador e pessoal que espelhou, em simultâneo, a “história de muitos pais e colaboradores” presentes.
Ao discurso da presidente sucedeu a apresentação da nova marca gráfica da APPACDM de Coimbra pelo Departamento de Comunicação e Imagem, uma alteração que representa a união e a “ascensão da pessoa com deficiência intelectual, valorizando a sua individualidade”. Os mesmos valores acompanharam a Gala pela noite fora através da atuação, que se seguiu, do Dandélio – Creche e Jardim de Infância.
As crianças da instituição, depois de apresentadas pelos Formandos do Centro de Formação da Casa Branca, tiveram tempo de brilhar ao cantarem e dançarem uma música sobre o sonho, até serem levadas por uma Lua que deixou o palco pronto para receber o Grupo de Artes de Palco da APPACDM de Coimbra, numa dramatização da obra de Tomi Ungerer, “O Homem Lua”.
O espetáculo contou ao público a aventura de um Homem Lua que, de tanto sonhar com a felicidade dos que moravam na Terra, apanhou a cauda de um cometa rumo ao terceiro planeta do sistema solar. O espectador é levado numa viagem pela descoberta do planeta Terra através de um Homem que, por ser diferente, sofre as consequências da discriminação da sociedade. “Que mal fiz eu?” foi a questão que lançou ao público minutos depois de ter sido preso como potencial risco para a sociedade que o encarava com medo e desconfiança.
A dramatização termina com os terráqueos a despedirem-se do Homem que os observa através da Lua, onde conseguiu regressar com o foguetão de um cientista. Assim, a Gala que se intitulou “Apolo 11 – Quebrar barreiras e preconceitos” estabeleceu uma ponte entre, por um lado, a aceitação da diferença a par com a inclusão das pessoas com dificuldade intelectual e, por outro, a primeira ida da Humanidade à Lua pelo voo espacial Apollo 11. Em simultâneo, a viagem narrada tem como base uma Utopia ao decorrer numa altura em que se deram os primeiros passos na superfície lunar, mostrando que nada é impossível. Num paralelismo, também a APPACDM de Coimbra rompe diariamente com diversas utopias que se prendem com a criação de condições necessárias para a aceitação natural dos direitos das pessoas com deficiência.
Este foi um espetáculo marcado pela necessidade de fomentar a quebra de barreiras e preconceitos face aos mais vulneráveis, mostrando que é imperioso criar “ondas de mudança” na sociedade que proporcionem a construção de espaços de inclusão e de igualdade. “Acreditamos que é mudando consciências que encontramos uma melhor aceitação da diferença”, afirmou a presidente da associação, reforçando a necessidade de criar condições para a aceitação natural dos direitos das pessoas com deficiência.
