UTOPIAS inicia as celebrações do 50º aniversário da APPACDM de Coimbra
Com vista à comemoração do 50º aniversário da Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDM) de Coimbra, o Teatro Académico de Gil Vicente (TAGV) recebeu, no dia 12 de janeiro, pelas 17h, a sessão-debate Utopias.
O evento, que contou com a moderação de Inês Lopes Gonçalves, apresentadora do 5 Para a Meia-noite, procurou refletir sobre sonhos e utopias através dos olhares de várias personalidades públicas portuguesas de áreas que vão desde o empreendedorismo à literatura, passando pelo turismo, cultura e ecologia.
Num evento diferente do habitual, a APPACDM de Coimbra começou por dar o seu toque único: um grupo de utentes entrou em palco, com balões em formas de letras, formando a palavra UTOPIAS e dizendo, cada um, uma palavra que definisse a associação. Após a entrada de mais um grupo de utentes com o estandarte da instituição, foi a vez da Presidente da APPACDM de Coimbra, Helena Albuquerque, abrir a sessão, com histórias de utentes que pareciam utopias e, com a ajuda da instituição, se tornaram realidade.
A primeira intervenção foi realizada por Carlos Fiolhais, físico da Universidade de Coimbra (UC), que se debruçou sobre a leitura Utopias de Thomas More. O físico foi seguido por Eduardo Rêgo, locutor do programa da BBC, Vida Selvagem, afirmando que “a utopia existe e nós temos isso no ADN dos portugueses”. A ideia é partilhada por Fernando Seabra Santos, ex-reitor da UC, que falou sobre utopias nas suas várias vertentes, desde a etimologia, à política e à história. “A utopia faz parte da minha vida e do universo que partilho com os outros”, sublinha Lurdes Breda, escritora, que recorda o sonho e a utopia como parte marcante do seu caminho.
Diana Andringa, jornalista, recorda o seu caminho pela época pré 25 de Abril, num discurso apoiado pelos valores de liberdade e independência, onde assume que “a dignidade vale todas as lutas e todos os sacrifícios, e aqui estamos nós porque à tirania opusemos a teimosia”. Afirmação com a qual José Redondo, gerente da Licor Beirão, se assumiu identificar através das três utopias que partilhou com o público: o sonho do pai em criar a marca Licor Beirão, o seu sonho de criar um clube de Rugby na Lousã e um jornal na mesma terra.
Com o debate foi possível concluir que existe, por um lado, uma urgência em criar desassossego e em “procurar sentir na pele a dor do outro”, ideia reforçada por Ana Paula Pais, diretora da rede de Escolas de Hotelaria e Turismo em Portugal, e, por outro, dar apoio a associações que, como a APPACDM de Coimbra, têm como utopia a criação de condições para que o cidadão com deficiência mental consiga atingir a sua plenitude como ser humano e social. O evento terminou com um pequeno apontamento de dança contemporânea realizado por dois utentes da Unidade Funcional de Montemor-o-Velho, ao som de “The Prayer”, de Céline Dion e Andrea Bocelli.
